E lá estava ela mais uma vez. Suas mãos suavam, suas pernas tremiam. Os olhares do público estavam todos voltados contra ela, mesmo no escuro. Ela era experiente nisso, mas nem toda experiência do mundo tiraria aquele nervosismo. E ela tenta loucamente se acalmar pra que quando as luzes acendam, de tudo certo, que ela dance linda, leve e confiante. E ela tenta desacelerar sua respiração, lembrar pelo menos o começo de sua coreografia. Tenta incorporar o personagem, então ela coloca um sorriso em seu rosto, e o frio na barriga só aumenta.
E então a luz acende. Ela está lá, no palco, mais linda impossível. Todos olham para ela na esperança de que algo surpreendente está por vir. É agora, a hora de começar a dançar. Não a nada a esperar, e então uma pequena sensação de que vai dar um branco, ela irá se esquecer de alguma parte da coreografia, mas ela não liga muito, pois não há mais tempo para pensar, agora é a hora de agir. E então ela começa a dançar, uma nova expectativa é criada em cada um dos espectadores. Agora nada mais importa. Não existe o mundo aqui fora, nem nada que a impeça de dançar, ela se esquece dos problemas. Sorri mais que nunca, suas bochechas doem, mas nada nesse mundo a fará parar de sorrir, pois ela está feliz e aquele momento pede um sorriso, sem aquele sorriso a coreografia não estaria completa.
E com aquele mesmo sorriso no rosto em que começou, ela termina. Confiante. Então, os aplausos, um reconhecimento de sua dança. Ela também agradece ao público, e sai do palco. Feliz, e ainda sorrindo, por mais uma dança, mais um momento, mais uma emoção. Não é apenas mais uma, é a dança. Pois nenhuma é igual, nenhuma é menos importante que a outra, são todas únicas.
Texto dedicado a todos os bailarinos.